Caixa de velocidades Mini - Rolamentos de agulhas do veio secundário

Boa noite. Apesar da demora dos post's, as novidades vão surgindo, mas a escassez de tempo é muita e energia para postar tudo é pouca. Também quero informar-vos de que tenho recebido os mail's da C.C.G., mas ainda não consegui responder a todos. Espero poder fazê-lo em breve...
Hoje quero mostrar-vos algo que, apesar de parecer simples, é na realidade mais complicado do que se pensa: A substituição dos rolamentos de agulhas dos carretos da segunda e terceira velocidade do veio secundário.
Com os outros carretos todos fora, sobram apenas estes dois, trancados por umas anilhas. São precisamente essas anilhas que vos quero explicar como desarmar. Não será fácil, mas vou tentar ser o mais claro possivel nas explicações.
Começamos pela da segunda. É a mais fácil de desmontar, embora a mais dificil de montar. Com uma chave bicuda ou um furador, carregamos no freio para dentro do veio......e simultaneamente, usamos aquele furo para rodar a anilha até ficar alinhada com as estrias do veio......como na foto. Suavemente, puxamos a anilha para cima......e o freio fica á vista. Podemos então tirá-lo com um alicate de pontas, deixando a mola dentro do veio. Nesta altura já é possivel tirar o carreto......e o rolamento que está no interior. Aproveitem também para tirar a mola do freio. Viramos o veio ao contrário......e apontamos ao carreto da terceira. Esta desmontagem tem mais truques do que a outra. As fotos irão parecer iguais, mas são dos dois lados do veio. Começamos por rodar a anilha até bater num dos freios, já que agora são dois......e assim que empurrarmos o primeiro freio a bater na anilha para dentro, o segundo ficará a postos também......e com movimentos curtos e precisos, rodamos novamente a anilha, até o segundo freio ficar igualmente para dentro....e quando tevermos a anilha alinhada com as estrias, levantamos o carreto devagar, até surgir isto. Tenham em conta que o veio é furado de fora a fora, pelo que se carregarem num dos freios para dentro, empurram o outro para fora. É conveniente por uma das mão em redor do veio para evitar que algum dos freios saia disparado. Altura certa para tirar o rolamento de agulhas velho......que nos modelos antigos ainda se dividia em dois para poder ser montado no veio, uma vez que as estrias do carreto são mais largas do que ele. Segue tudo para a lavagem com diluente ou gasolina......e começa a parte mais dificil: A montagem. Se nunca fizeram isto antes, aconselho ter um manual á mão, pois existem peças que podem ser montadas incorrectmente. Começamos por instalar o rolamento novo......seguido do carreto e da anilha. Neste caso, a anilha até é fácil de montar, pois o carreto está preparado para o efeito......com dois pequenos furos auxiliares. Basta alinhar os furos com os freios e carregar para dentro num de cada vez. Carregamos num ao calhas e presionamos a anilha para não o deixar sair, e ao carregar no segundo, a anilha desce sem esforço. É só rodá-la e está montado o primeiro rolamento. Vamos ao da segunda...
...que já tem o rolamento novo no sitio, tal como o freio. Espalha-se um pouco de óleo antes de montar......a anilha na posição dela. Reparem nos rasgos desta face. Um deles é maior, e deverá ficar alinhado com o freio......assim! Agora é a altura de estarem calmos e concentrados. Momento ideal para escacilharem um cigarro se fumam. Quem excutar isto em menos de cinco tentativas é um mestre sem duvida... ...porque não existe uma fórmula ou procedimanto especifico que nos ajude. Eu recorro a este sistema: Uma bracadeira velha, cortada em bico, dobrada com a mesma largura da anilha e uma boa dose de paciência. É de facto um truque "manhoso", mas funciona lindamente, ou quase......mais óleo para cima do veio. O óleo é importante para garantir que até estar montada, a caixa não enferruja, porque por vezes, entre esta parte e o final passam muitos meses...
Vamos ao "truque" nº 2......a luva e o sincronizador da primeira/segunda velocidade. Se ficar mal montado, só se aperceberão disso quando a segunda custar a entrar, e só conseguem corrigir o problema quando tiverem estas duas peças outra vez nas mãos. Usem a imaginação para calcular trabalho e prejuizo que terão......por causa de algo tão simples. Este carreto parece simétrico quando não se presta a devida atenção, mas reparem bem na diferença entre a altura da aba interior deste lado......e agora vejam esta. São dois milimetros a mais, que fariam toda a diferença. A parte mais baixa fica virada para o carreto da segunda e a mais alta para a primeira. Escrevam isto no vosso quadro de ferramenta, ou na falta de um, num sitio em que tenham que ler a frase umas trinta vezes ao dia. Eu aprendi da pior forma possivel, e agora que vos avisei, vejam lá se se esquecem. No meu tempo ainda não havia blogs com fotografias, mas bem que desejei poder ver um. Bem..., vamos a outro "biscate"......agora que sabemos a posição correcta das peças. Com os dentes da luva para baixo e a aba interior larga do carreto para cima, apontamos as esferas, com os carretos devidamente alinhados nos rasgos interiores......e com a destreza de um pianista, pressionamos as três esferas em simultaneo. O risco desta operação está no facto de que, se não encaixam tudo á primeira e deixarem a luva subir, as esferas vão parar debaixo do ultimo móvel ou bancada em que as tiverem que procurar, se algumas vez as chegarem a encontrar. Dica preciosa: Façam isto dentro de uma caixa da "Tupperware" suficientemente grande. Deste modo reduzem as chances de elas desaparecerem para sempre.......durante esta parte. Agora é só carregar para baixo... ...até "estalar". O som das esferas a entrar nas caixas indica que está montado o sincronizador, e aproveito a dica para vos falar acerca de outras peças bastante importantes, tais como......as anilhas sincronizadoras. Estas anilhas cónicas são responsáveis pela engrenagem suave e silenciosa das nossas mudanças, pois como o seu nome indica, "sincronizam" as velocidades de rotação dos carretos, para que os dentes dos sincronizadores possam deslizar e engrenar sem esforço nos dentes dos carretos das velocidades. No fundo......a sua forma cónica actua como uma espécie de embraiagem sobre o carreto. Notem que um carreto pode estar a girar a 200 ou 300 rpm e, numa fracção de segundo, ter que passar para 600 ou 700 rpm ou mais, e isto ocorre cada vez que uma mudança é engrenada. Agora faz mais sentido porque é que ouvimos dizer que as reduções "á Fittipaldi" dão cabo das caixas...
Com o sincronizador no sitio......posicionamos o casquilho do carreto da primeira......até encostar ás estrias grossas. Anilha no devido lugar e posição......seguida do rolamento novo......e do carreto da primeira. E com isto tudo temos o nosso veio secundário pronto a montar.
Para a próxima vou tentar mostrar-vos mais alguns componentes da caixa de velocidades do Mini.
Espero que tenha sido elucidativo e que vos seja util no futuro, quando repararem a vossa caixa.
Obrigado
RT